As conclusões desta investigação desenvolvida por Gabriel Pereira, Nuno Barraca e Jorge Arrais foram apresentadas no último sábado (dia 21 de setembro) nas comemorações das Jornadas Europeias do Património no concelho, que decorreram justamente na Igreja Velha de Canas de Santa Maria.
As seis sondagens arqueológicas realizadas colocaram ainda a descoberto os muros de delimitação do adro deste monumento.
Alguns dos materiais de maior relevância encontrados nestes trabalhos, nomeadamente azulejos hispano-árabes, moedas, instrumentos metálicos e fragmentos cerâmicos desde o século XIII à idade contemporânea foram expostos durante as jornadas.
Já a pesquisa histórica revelou que as primeiras referências documentais do espaço religioso datam do século X, associando a localidade ao Mosteiro de Lorvão, tratando-se do testamento de Inderquina, cognominada Pala.
Nas inquirições gerais de 1258 (D. Afonso III) pode ler-se que D.ª Mafalda, mulher de D. Afonso Henriques, terá ordenado a construção de um templo dedicado a Santa Maria ou à Mãe de Cristo.
Os investigadores encontraram também referências à igreja na relação das igrejas, capelas e mosteiros existentes no bispado e diocese de Viseu em 1675, como nas informações paroquiais coligidas pelo Abade Manoel de Pinho Rebello e Seixas quase um século depois (1758) e mais recentemente, em finais de 1933, quando a Direção-Geral de Edifícios e Monumentos Nacionais solicitou ao diretor dos Monumentos Nacionais do Norte, que fosse elaborado um orçamento para as obras de conservação na antiga Igreja Matriz de Canas de Sabugosa, que cinco anos mais tarde, durante o inverno, viria a sofrer derrocada na torre sineira.
Estas obras de reabilitação acabaram por iniciar-se apenas no verão de 1968 pelas mãos da Comissão Fabriqueira de Canas de Sabugosa, que apoiava financeiramente e com materiais, acompanhada pela Direção Geral de Edifícios e Monumentos Nacionais.
O templo religioso voltou a ser intervencionado em 2019 por intermédio da Câmara Municipal de Tondela, numa empreitada orçada em 198 mil euros.
Além dos resultados da pesquisa realizada, durante as jornadas foi ainda apresentada uma exposição fotográfica com imagens da igreja desde os finais da primeira metade do século XX até à atualidade.
O evento foi aberto pelo vice-presidente da Câmara e vereador com o pelouro da cultura que deu as boas-vindas a todos e enalteceu os trabalhos levados a cabo naquele espaço.
João Carlos Figueiredo lembrou que Portugal dispõe de 810 monumentos nacionais, sendo a frontaria da Igreja Velha o único monumento do município com esse reconhecimento, o que aumenta a responsabilização de todos os atores locais na preservação e divulgação deste património.
A fachada da Igreja Velha de Canas de Santa Maria é Monumento Nacional desde 1926.
Os trabalhos de pesquisa arqueológica e histórica realizados na Igreja Velha de Canas de Santa Maria e no espaço envolvente permitiram descobrir vários muros primitivos, do antigo templo religioso, que se supõem ser do século XII, e vários locais de enterramento.