Cerâmica de luxo, a Terra Sigillata, atravessa vários séculos, acompanhando os romanos desde os tempos da ocupação do território que é hoje Portugal até à Alta Idade Média. Como principais características, apontam-se a beleza, a resistência e a impermeabilidade. Estes atributos advêm-lhes do facto de se apresentarem cobertas por um engobe quase vitrificado, após a cozedura. O primeiro fragmento cerâmico, um fundo de taça, de pé alto, tem a marca de oleiro em cartela bífida “OFPACA” no fundo interno. Esta marca é atribuída ao oleiro hispânico PACATYS, proveniente de Numância. Cronologicamente situa-se entre o período dos imperadores Flavianos (69-96) e a época do imperador Trajano (98-117) pertencente à chamada dinastina dos Antoninos (96-192) O segundo fragmento,que conserva quase integralmente o seu perfil, pertence a uma forma denominada Ludowici Tb. Trata-se de uma forma muito rara, bem diferenciada da forma Dragendorff 46. É datável do século II d.C..
Este espólio arqueológico, faz parte da doação feita por Isabel Almiro do Vale, filha de António Almiro do Vale, e que incluí igualmente espólio de carácter biográfico, bibliográfico e documental. Representa um nobre gesto de reconhecimento e valorização desta instituição cultural que representa o museu Terras de Besteiros.
António Almiro do Vale nascido em Nandufe, a 26 de Julho de 1908. Médico pela Universidade de Coimbra, especializou-se em Tisiologia e Cirurgia. Do seu vasto currículo, destacam-se diversos cargos como responsável por serviços de saúde em Moçambique e Angola, principalmente na área da Tuberculose e Saúde Pública.