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23 maio 2017

Cozedura tradicional de louça preta em Molelos

Realizou-se no passado sábado, dia 20 de Maio, no Alto das Raposeiras, freguesia de Molelos, Tondela, uma demonstração do tradicional processo de cozer louça preta em soenga.

Numa iniciativa do Município de Tondela, com a colaboração da Junta de freguesia local, as olarias Artantiga, Olaria Moderna e Barraca dos Oleiros, lançaram-se no desafio de, mais do que recriarem os ambientes de outrora, em homenagem aos antepassados oleiros da freguesia, realizarem com a sua arte e mestria de jovens artesãos e ceramistas, uma grande cozedura em soenga.
Pelas 6.40h da manhã, num amanhecer com odores campestres e primaveris, convidativo a um grande acontecimento como aquele que iríamos testemunhar, os oleiros colocaram na sequeira, as cerca de 150 peças que constituíam a produção a cozer. Neste processo de cozer numa cova no chão, a louça tem necessariamente que ser aquecida antes do processo de cozedura propriamente dito. Objectivo: não estoirar, aquando do contacto inicial com o lume, que é sempre forte e violento. E como os antigos sabiam. Práticas de um saber fazer que em tudo foi recuperado por esta jovem geração de oleiros.
Iniciada a cozedura, assistimos ao lento processo de aumento gradual da temperatura no “forno”, sempre com uma olhar atento dos jovens artesãos, ora colocando pequenas cavacas de pinho nos bueiros, ora refazendo a soenga, colocando aqui e acolá os “míticos” torrões de terra.
Quando a temperatura no seu interior atingiu, entre 850º-900º C, foi tempo de, com grande esforço e mestria, cobrir com terra a totalidade da cozedura. É a redução - pela ausência de oxigénio no seu interior - que leva às transformações físico-químicas dos óxidos metálicos componentes das argilas, e em última análise, à cor negra da louça, aquando da abertura, cerca de 6 ou 7 horas depois. Um odor a monóxido de carbono paira no ar. Como diz a tradição e afirmam os antigos: cheira a soenga.
É agora hora de apreensão e de cuidados redobrados, visto que os oleiros têm que estar atentos a qualquer fumarola que queira romper pela terra a fora. Seria um desastre e a perda das cerâmicas cozidas com tanto esforço.
Após um almoço retemperador de energias, o descanso merecido.
Pela tarde, foi a animação cultural. Primeiro com o Zé Rui do Trigo Limpo teatro ACERT, a encenar velhos tempos da arte na freguesia, numa memória comovida e saudosa da última geração de oleiros artesanais. Um recordar sempre presente. De seguida a actuação do Grupo de Cavaquinhos de Santiago de Besteiros, com melodias bem portuguesas.
Pelas 19.30h já muita população se concentrava ao redor da soenga, para assistir à desenforna. Com pás e enxadas, os oleiros retiram cuidadosamente a terra e os pedaços de torrões que ainda subsistiam. E foi ver elas a aparecerem, com as suas múltiplas e variadíssimas manchas a contrastarem com o seu tom metalizado. Um regalo ao olhar.
Depois foi a venda do produto final, numa simbiose de cor e alegria das gentes de Molelos e dos inúmeros visitantes que aderiram à iniciativa.
Para o ano há mais …

 

 

 

 

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