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24 Abr. 2013

Barro negro de Molelos (Tondela) consagrado no MUDE (Museu do Design e da Moda)

Foi inaugurada no MUDE (Museu do Design e da Moda), em Lisboa, no passado dia 11 de Abril, a exposição “Percursos, barro negro/castanho/ferro, granito” da autoria da artista alemã Linde Burkhardt.

Constituída por 14 esculturas e quatro tapetes, esta exposição estará patente no referido museu até 18 de Agosto. A criatividade, o estilo, o design tem a marca inconfundível de Linde, professora de Teoria do Design e Design Artístico na Universidade de Ciências Aplicadas de Bielefeld. O seu trajecto internacional e a sua marca, reflectem um percurso de vida consagrada à criação, à inovação, à arte. Tendo esta exposição passado por Matosinhos (Galeria Municipal) entre Fevereiro e Março de 2012, chega agora à capital, integrada na sala dos cofres do Museu do Design e da Moda (MUDE), antigo Banco Nacional Ultramarino. “Percursos … “ é o resultado de uma profícua e ilimitada criação. A artista utiliza diferentes materiais, desde a madeira ao barro, da pedra ao aço. Mas é no domínio da aplicação da cerâmica negra, aqui primorosamente executada e cozida por Carlos Lima e Xana Monteiro, oleiros de Molelos, que as criações de Linde explodem, se expandem, que a tradição do barro negro funcional, toma novas formas. As obras de arte, pensadas, idealizadas por Linde, conjugando diferentes matérias-primas e texturas, são trabalhadas por artesãos e artistas. No caso do barro negro, são a marca inconfundível de dois jovens artistas, já com um design inovador no campo cerâmico, como ficou recentemente demonstrado na exposição temporária que o museu municipal Terras de Besteiros inaugurou a 29 de Setembro de 2012 e que esteve em exibição até 24 de Fevereiro de 2013: “Toupeiradas – novos rumos da cerâmica negra”. Novamente em “Percursos …”, exposição repartida por três partes, ‘’da origem”, ‘’da inspiração”, ‘’da poesia”, a cerâmica negra de Molelos, representa, nos dois primeiros casos, por um lado, o affair da tradição, das formas utilitárias (a padela, o púcaro, o fogareiro, o assador), aqui e acolá já com laivos de recriação (a almotolia, o prato). Por outro, a veia artística das novas formas e texturas, o imaginário (penas de amor, boca de inferno, nuvem, língua do diabo) e outras tantas manifestações da criatividade humana. “Da poesia” … é de Pessoa que se fala. Como afirmou um dia o amigo Siza Vieira (foi com ele e com Fernando Távora que o casal Burkhardt conheceram a cerâmica negra em 1977, revisitada para estes trabalhos em 2007) e cito: “a exposição inclui peças de artesanato tradicional, transfiguradas pela montagem e por inesperadas associações”.

O Município de Tondela fez-se representar pelo Chefe de Divisão da Cultura e Comunicação, que tem acompanhado, reflectido e escrito sobre a realidade e a evolução do barro negro de Molelos desde 1987, ano em que pela primeira vez tomou contacto directo com a histórica comunidade de oleiros de barro negro. Uma realidade que nos anos oitenta do século passado, se encontrava moribunda e em sérios riscos de desaparecer, à semelhança do que ia acontecendo (e aconteceu) a outros centros produtores de barro negro do centro e norte de Portugal. Por um conjunto de razões, em Molelos (Tondela), distrito de Viseu, a arte ancestral do barro negro, continua viva e pujante, ora nas constantes e insondáveis inspirações e criações artísticas de Carlos Lima e Xana Monteiro, ora no labor das tipologias utilitárias (renovadas no acabamento) de outros jovens oleiros, de que se impõe referir: Luís e José Lourosa, António Marques, Maria Fernanda Marques, António Duarte, António Coimbra e Gilberto Silva.

A visita a Lisboa impõe-se. E para que todos saibam: todos os caminhos … vão dar a Molelos, que é em Tondela. Até de Viseu.

Divisão de Cultura e Comunicação

 

 

 

 

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