Arqueologia
Anta da Arquinha da Moira
- Freguesia: Lajeosa do Dão
- Topónimo: Pedra Merendeira
Imóvel Interesse Público
Monumento megalítico de câmara e corredor diferenciado em planta e alçado. A primeira é constituída por sete esteios, sendo que quatro deles apresentam pinturas (dois destes apenas têm vestígios das mesmas), de carácter esquemático e naturalista.
O corredor é constituído por 5 esteios no lado Sul e teria outros tantos no lado norte, pese o facto de aqui lhe faltar um deles. A entrada da câmara seria marcada por dois pilares, faltando um deles.
A mamoa que envolve esta estrutura é de planta elíptica, medindo 27 metros no sentido E-W e 20 no sentido N-S.
Entre o seu espólio, contam-se inúmeros fragmentos de cerâmica referentes, quer à utilização inicial do monumento, como à sua posterior reutilização campaniforme. O mesmo se poderá dizer dos objectos líticos lascados e polidos que aí se identificaram.
A construção da anta terá ocorrido durante o III milénio a.C.
Para saber mais:
CUNHA, Ana Maria Cameirão Leite da, Pinturas rupestres na anta da Arquinha da Moura (conc. de Tondela, Viseu): notícia preliminar, Estudos Pré-Históricos, Viseu 1, 1993-p. 83-95.
SILVA, Ana Maria, Os restos humanos exumados da Anta da Arquinha da Moura (Tondela, Viseu), Estudos Pré-Históricos, Viseu 3, 1995-p. 141-150.
CUNHA, Ana Maria Cameirão Leite da, Um dólmen pintado português, anta da Arquinha da Moura, Archéologia, Dijon. 304, 1994-p. 50-53.
Estação de Arte Rupestre de Molelinhos
- Freguesia: Molelos
- Topónimo: Pego Longo
Imóvel Interesse Público
Os motivos encontram-se num afloramento de xisto acinzentado, dispersos por seis painéis. Dos seis apenas o quarto não apresenta pátina.
As técnicas utilizadas são a picotagem e a abrasão, aproximando-se esta última da incisão. As superfícies são lisas e planas, estando artificialmente preparadas.
Os motivos representados são sobejamente conhecidos da comunidade arqueológica, destacando-se as armas (nomeadamente punhais, lâminas afalcatadas e lanças), ramiformes, podomorfos, reticulados, ziguezagues, zoomorfos, foices e etc.
Para saber mais:
CUNHA, Ana Maria Cameirão Leite da, Estação de arte rupestre de Molelinhos: notícia preliminar, Actas das 4ªs Jornadas Arqueológicas, Lisboa, 1991-Associação dos Arqueólogos Portugueses, p. 253-265.
Património Arquitectónico e Arqueológico Classificado. Inventário, Lisboa, 1993: IPPAR, 3 Vols.
Estação de Arte Rupestre da Alagoa
- Freguesia: Barreiro de Besteiros
- Localização: Cortiçada
Imóvel Interesse Público
A superfície dos painéis é irregular tendo sido aproveitadas as zonas planas para a feitura das gravuras. Estas encontram-se concentradas, sendo o seu número, aproximadamente de uma centena.
Os motivos que predominam são os podomorfos, as ferraduras, os círculos e as “fossettes”. As pegadas parecem terem sido executadas tendo como modelo os pés humanos, calçados e descalços, através da picotagem, principal técnica utilizada.
A época de construção data da Idade do Bronze.
Para saber mais:
Património Arquitectónico e Arqueológico Classificado. Inventário, Lisboa, 1993- IPPAR, 3 Vols.
GOMES, Mário Varela e MONTEIRO, Jorge Pinho, As Rochas Decoradas da Alagoa, O Arqueólogo Português, VII -IX, III Série, Lisboa 1974 -1977, p. 145 -162.
Estela-Menir
- Freguesia: Caparrosa
- Topónimo: Tapada da Anta-Pendão
Imóvel de Interesse Público
A Estela-Menir de Caparrosa é um monólito talhado em granito, com uma forma paralelepipédica, mais largo na base e com o topo arredondado. Possui 2,80 m de altura acima do largo, mas com uma altura total que deverá atingir os 3,50 m.
As duas faces maiores, com as laterais, são ligeiramente oblíquas. Ostentam gravuras que foram efectuadas em diferentes momentos: vários círculos, um deles ligados a duas linhas onduladas, uma composição sub-rectangular com o interior preenchido por linhas verticais e horizontais (sendo um motivo semelhante aos que são designados por escutiformes).
As gravuras foram executadas com artefactos líticos e metálicos. Apresentam diferentes graus de erosão e pátina. As técnicas de gravação utilizadas foram a picotagem e a abrasão. Numa das faces, apresenta insculturas recentes e datadas (1801 e 1804), de motivo cruciforme.
Junto à Estela-Menir, a noroeste, encontrar-se-ia um alinhamento constituído por oito monólitos de granito, cuja altura dos maiores, não excederia 1,20 m acima do nível do solo actual.
A Estela-Menir data do III milénio a.C.
Para saber mais:
GOMES, Mário Varela, O Marco de Anta ou Estela-Menir de Caparrosa (Tondela-Viseu), Estudos Pré-Históricos, Viseu. 1, 1993 - p. 7-28.
GOMES, Mário Varela e MONTEIRO, Jorge Pinho, A Estela-Menir decorada da Caparrosa-Beira Alta-Nota de descoberta, O Arqueólogo Português, VII-IX, III série, Lisboa, 1974-77, p.89-93.
PEDRO, Ivone, VAZ, João L. Inês e ADOLFO, Jorge, Roteiro Arqueológico da Região de Turismo Dão Lafões, Região de Turismo Dão-Lafões, Viseu 1994 - p. 104.
Troço de Calçada Romana
- Freguesia: Guardão
- Localização: Guardão de Baixo
Imóvel de Interesse Municipal
De diferenciada largura, por sobreposição de algumas habitações, com traçado longilíneo, percorre a encosta, em percurso sinuoso, terminando abruptamente em ambos os lados, pelo actual empedramento da via pública.
De lajedo de razoável consolidação e dimensões, o traçado é interrompido no seu último terço, pelo entroncamento de uma via secundária que o trunca.
Para saber mais:
Património Arquitectónico e Arqueológico Classificado. Inventário, Lisboa, 1993- IPPAR 3 Vols.
PEDRO, Ivone, VAZ, João L. Inês e ADOLFO, Jorge, Roteiro Arqueológico da Região de Turismo Dão Lafões, Região de Turismo Dão-Lafões, Viseu 1994 - p. 107.
Troço de Calçada Romana
- Freguesia: Caparrosa
- Localização: Paranho de Besteiros
- Topónimo: Coval
Imóvel de Interesse Municipal
De largura homogénea, com traçado longilíneo, percorre a encosta em percurso pouco sinuoso, terminando abruptamente de um lado pelo caminho rural que lhe dá sequência e pelo outro empedrado a habitação. Lajedo de razoáveis dimensões.
Troço de calçada com uma largura entre os 2,5m e os 3m, que se estende por mais de 500m. A calçada, com excepção de uma pequena área onde não existe lajedo, é constituída por pedras de médias e grandes dimensões.
Para saber mais:
Património Arquitectónico e Arqueológico Classificado. Inventário, Lisboa, 1993- IPPAR 3 Vols.
PEDRO, Ivone, VAZ, João L. Inês e ADOLFO, Jorge, Roteiro Arqueológico da Região de Turismo Dão Lafões, Região de Turismo Dão-Lafões, Viseu 1994 - p. 103.
Laje das Côcas
- Freguesia: Santiago de Besteiros
- Topónimo: Fonte do Salgueiro
Os motivos presentes são várias “fossettes” agrupadas aos pares, tendo ao centro um sulco vertical, formando o que nos afigura serem vários símbolos fálicos, podomorfo, ferraduras e outros de difícil interpretação.
As representações distribuem-se maioritariamente pelos painéis centrais em superfícies sub – horizontais, existindo um caso em que é utilizada a “ parede ” de uma destas rochas (aqui os motivos são claramente diferentes dos restantes). Podem também aparecer alguns motivos, normalmente isolados, nos blocos adjacentes em posição sub-vertical e orientados para os referidos painéis.
As gravuras foram realizadas segundo a técnica da picotagem seguida de abrasão e datam da Idade do Ferro.
Para saber mais:
SILVA, Celso Tavares da, Vestígios pré -históricos de Besteiros, Sep. da Revista Beira Alta; 1984.
Lagar do Fial
- Freguesia: Vilar de Besteiros
- Topónimo: Casal de Cima
Imóvel de Interesse Municipal
Lagar escavado na rocha em afloramento granítico em declive. Pio rectangular ligado a um segundo circular, em plano inferior, por intermédio de um entalhe escavado na rocha.
O pio circular é descentrado em relação ao rectangular, mas estão ligados por um entalhe escavado na rocha.
Lagareta
- Freguesia: Parada de Gonta
A lagareta mede 2,60 m de comprimento, está a 1 m acima do solo e mede de largura 3,70 m. Tem um pio central rectangular e um circular em plano inferior, ligados entre si por um pequeno orifício.
A uva seria pisada na parte exterior dos pios onde é possível observar uma depressão circular na rocha.
Para saber mais:
PEDRO, Ivone, VAZ, João L. Inês e ADOLFO, Jorge, Roteiro Arqueológico da Região de Turismo Dão Lafões, Região de Turismo Dão-Lafões, Viseu 1994 - p. 92
Núcleo de Sepulturas
- Freguesia: São João do Monte
- Localização: Valdasna
Os túmulos, em número de quatro, são todos antropomórficos, com cabeceira em arco de volta perfeita. As campas 1 e 2 encontram-se truncadas, mas pelas dimensões do que resta pertencem a indivíduos adultos.
Na parte superior mais elevada do outeiro existe um pio aberto na rocha com formato rectangular (100 cm x 90 cm).
A cerca de 20 m a nordeste da necrópole há uma gravura rupestre representando um cão ou um lobo.
Para saber mais:
ADOLFO, Jorge, Sepulturas Escavadas na Rocha na Região de Viseu, Viseu 2000.
Núcleo de Sepulturas
- Freguesia: Lajeosa do Dão
- Topónimo: Santas Marinhas
Os três túmulos são antropomórficos com cabeceira em arco de volta perfeita.
A sepultura n.º 3 está parcialmente destruída e encontra-se afastada das restantes 20 m para Nordeste.
Para saber mais:
ADOLFO, Jorge, Sepulturas Escavadas na Rocha na Região de Viseu, Viseu 2000.
Núcleo de Sepulturas do Sobreiro
- Freguesia: Canas de Santa Maria
As sepulturas n.º 1 e n.º 2 têm cabeceira rectangular com cantos. Ambas possuem bordo a toda a volta com 15 cm de largura. A n.º 2 apresenta 2 cruzes gravadas no bordo, junto à cabeceira.
Neste conjunto a sepultura n.º 3 encontra-se inacabada, apesar de grande parte do desgaste interior ter sido concluído.
Para saber mais:
ADOLFO, Jorge, Sepulturas Escavadas na Rocha na Região de Viseu, Viseu 2000.
Penedo dos Mouros
- Freguesia: São Miguel do Outeiro
- Topónimo: Casal de Cima
Imóvel de Interesse Público
Monólito granítico de dimensões consideráveis, de forma grosseiramente arredondada, e afeiçoado superiormente. De um dos lados, adossou-se uma escadaria de granito, que no cimo, formando patamar, dá acesso ao topo da rocha.
Dois muros de reduzidas dimensões, de alvenaria, com entalhes entre si, formando degraus, estabelecem a ligação com o cume do afloramento. Ai talhado na rocha, três degraus de grandes patins e de recorte semi-circular, conduzem a um último, de menores dimensões, sobre o qual se implanta minúscula construção, semelhante a um templo, igualmente granítica.
De planta rectangular é composto por duas entradas rectangulares, fronteiras entre si, nos alçados laterais. Na entrada principal existe um vão semelhante aos anteriormente referidos.
Cobertura granítica, formando telhado de duas águas, rematados no sentido longitudinal por dois frontões triangulares curvos.
A época de construção data da Idade do Ferro (conjectural).
Para saber mais:
CUNHA, Ana Maria Leite, Colóquio-A Pré-História na Beira Interior -Livro do Colóquio, Centro de Estudos Pré -Históricos da Beira Alta.
Castro
- Freguesia: Parada de Gonta
- Topónimo: Três Rios
Imóvel de Interesse Público
As inscrições gravadas em dois rochedos são a prova da presença romana neste lugar.
Inscrição n.º 1: L. MANLIVUS D.F. TR. AEMILIA ALMVUS PEINTICIS.
Tradução: Aos deuses Peinticis, Lúcio Mãnlio, filho de Décio, da Tribo Emília, cumpriu de bom grado o seu voto.
Inscrição n.º 2: C... O TIVSCI, TVREIVS.
Tradução: C... filho de Tiusci, Tureio.
As inscrições deste castro são deveras importantes no contexto da Epigrafia regional. Na primeira, identificado com o praenomen e nomen aparece um cidadão romano. O prenome Lucius, abreviado em L é um dos mais frequentes nas inscrições romanas. Manlius, o nome de família também surge noutras inscrições da Península.
A maior curiosidade reside, porém, na indicação da tribo a que o cidadão pertence, a tribo Emília. É a única inscrição na região de Viseu que tem indicada a tribo, facto de que Lucius Manlius, certamente um cidadão romano recém-chegado à região, faz questão de se orgulhar. Deverá ainda acentuar-se a consagração a uma divindade indígena, Peinticis.
As duas inscrições deverão datar-se dos inícios do século I d. C. No castro podem ainda ver-se vestígios de pias abertas nos rochedos.
Para saber mais:
PEDRO, Ivone, VAZ, João L. Inês e ADOLFO, Jorge, Roteiro Arqueológico da Região de Turismo Dão Lafões, Região de Turismo Dão-Lafões, Viseu 1994 - p. 90-91.