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15 Dez. 2008

Transladação de restos mortais de dois soldados oriundos do Concelho de Tondela

Dois soldados mortos em combate em Moçambique, no ano de 1966, foram transladados, no passado dia 14 de Dezembro, para o cemitério da freguesia de S. Miguel do Outeiro de onde eram naturais, no concelho de Tondela.

Quarenta e dois anos depois de terem falecido ao serviço da Pátria, em Moçambique, Aníbal Rodrigues dos Santos e Ernesto Correia Dias, foram sepultados no cemitério de S. Miguel do Outeiro. Esta iniciativa, que partiu da Associação Nacional dos Combatentes do Ultramar, com Sede em Tondela, foi protagonizada pelo Sr. Presidente da Junta de Freguesia de S. Miguel do Outeiro, António Moreira Marques e que contou com o apoio do Município de Tondela permitiu resgatar ao fim de mais de quatro décadas, os restos mortais dos dois “rapazes da aldeia” devolvendo-os à suas origens. A transladação dos dois soldados foi vista pelas famílias com um misto de alegria e tristeza. A tristeza de uma perda de há muitos anos, mas a alegria de terem os restos mortais dos familiares na terra que os viu nascer.

Isabel Santos, sobrinha de Aníbal, explicou que este foi o último desejo da avó, que faleceu em 2000. "A última vontade da minha avó era que o filho fosse enterrado na terra natal. Finalmente conseguimos concretizar o seu último desejo", contou. Visivelmente emocionada, Maria da Conceição Correia, mãe de Ernesto, mostrou-se satisfeita com o regresso do filho à terra natal. "Queria que tivesse regressado vivo, mas tal não foi possível. Mesmo que morto, regressou", sublinhou.

Ao início da tarde do passado dia 14 de Dezembro, na presença do Sr. Presidente da Câmara Municipal de Tondela, Dr. Carlos Marta, do Sr. Presidente da Junta de Freguesia de S. Miguel do Outeiro, António Moreira Marques, do Sr. Presidente da Câmara Municipal de Viseu, Dr. Fernando Ruas, do Sr. Governador Civil de Viseu e de muitas outras entidades civis, militares e religiosas, sob um ambiente de grande comoção, os dois soldados foram condecorados a título póstumo, no Regimento de Infantaria (RI) 14, em Viseu.

Na cerimónia de homenagem, José Pavão, antigo comandante da companhia onde prestava serviço Ernesto Correia Dias, contou que enquanto ouviu o toque de alvorada e esperança reviveu "os longos minutos" em que, debaixo da metralha, conduziu "um grupo de 35 homens que se defrontou com o inimigo de então e a que hoje chamamos de irmãos africanos". Explicou que "em tempos de guerra, não se sabe o dia da semana. Apenas se pensa em acordar vivo pela manhã".

Emocionado, José Pavão recordou os últimos momentos de Ernesto Correia Dias, a quem "uma bala traiçoeira atingiu o tórax".

Após a homenagem do RI 14, os restos mortais dos soldados mortos em combate foram levados para a freguesia onde nasceram e onde teve lugar a cerimónia fúnebre. O acto religioso, que teve lugar na Igreja Matriz de S. Miguel do Outeiro, foi presidido pelo Bispo de Viseu, D. Ilídio Leandro, que frisou que esta foi "a homenagem devida, já que Ernesto e Aníbal morreram ao serviço de uma causa". "Ainda não tinham recebido esta homenagem, à qual não só eles tinham direito, mas também os seus familiares", sublinhou.

Depois da cerimónia religiosa, os restos mortais dos dois soldados foram levados para o cemitério de S. Miguel do Outeiro, onde lhes foi prestada última homenagem, com honras militares.

 

 

 

 

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